Fluxo de caixa x crise: como fazer uma boa gestão em tempos difíceis?

Em tempos de crise, conhecer com antecedência suas despesas e receitas é um fator determinante para garantir a sustentabilidade do seu negócio.

Por isso, neste artigo, queremos trazer algumas dicas para fazer a gestão do seu fluxo de caixa de forma eficiente. Confira!

O que é o fluxo de caixa?

O fluxo de caixa é uma ferramenta de controle financeiro, em que são visualizados o movimento de entrada e saída de dinheiro de uma empresa. Independentemente do seu porte, esta é uma ferramenta que está na base da gestão de QUALQUER negócio.

A entrada de recursos financeiros pode ser tanto das atividades de venda de produtos/serviços quanto da venda de algum bem da empresa (como equipamento, veículo, maquinário ou imóvel).

Basicamente, se a entrada de recursos de uma empresa está sendo maior do que a saída, temos um saldo positivo. Em contrapartida, quando a saída de recursos é maior do que a entrada, temos uma situação deficitária.

A importância do fluxo de caixa para as empresas

A gestão do fluxo de caixa oferece a possibilidade de monitorar o que já aconteceu na empresa e, ainda, auxiliar na projeção do fluxo de caixa, de modo a não perder o controle de suas finanças e evitar déficits.

Ou seja, projetar o seu fluxo de caixa é basicamente saber se a sua empresa estará ou não funcionando ao final de um determinado período.

O que levar em consideração para elaborar o fluxo de caixa?

Na elaboração de um fluxo de caixa deve-se levar em consideração o presente financeiro da empresa (quanto ela dispõe atualmente em caixa, seja em espécie ou em saldo de contas bancárias) e todos os valores que entram por meio das vendas assim que forem feitas, como também todos os gastos, assim que forem realizados.

Com as informações obtidas pelo fluxo de caixa, é possível elaborar a estrutura gerencial de resultados da empresa, as análises de sensibilidade, os cálculos da rentabilidade, a lucratividade e o ponto de equilíbrio, além das análises no que se refere ao retorno dos investimentos.

Com essas informações bem detalhadas em mãos, é possível conhecer a saúde financeira da empresa e auxiliar na tomada de decisões.

5 dicas para fazer uma boa gestão do fluxo de caixa em tempos de crise

Veja, a seguir, nossas dicas para fazer uma boa gestão do fluxo de caixa mesmo em tempo de crise:

1. Faça um levantamento dos gastos e receitas

Tudo o que pode interferir no resultado de gastos e receitas de uma empresa precisa estar no controle de fluxo de caixa.

É preciso, portando, fazer o levantamento completo de todas as operações financeiras, tais como pagamentos de contas de consumo e fornecedores, contratação e desligamento de funcionários e, até mesmo, os pagamentos de tributos e taxas.
É necessário considerar, inclusive, as entradas de caixa, tanto as que possuem origem em vendas de produtos e serviços quanto os subsídios obtidos por meio de empréstimos.

Se a empresa possuir mais de uma conta bancária, é preciso que apure o saldo de cada uma delas e discrimine a entrada e saída de cada conta, para que nenhuma fique descoberta.

2. Busque fontes de financiamento

Muitas vezes, tudo que uma empresa precisa é de um financiamento. Mas, lembre-se, você só deve assumir dívidas se isso for vantajoso para a sua empresa. Isso porque, no Brasil, empresas de pequeno e médio porte costumam ter grande dificuldade para financiar as suas operações.

Empréstimos com garantia simplificada (conta garantida ou capital de giro) cobram de 3% a 4% ao mês. Se a empresa tiver que tomar um total correspondente a 2 meses de faturamento, ela começa a pagar ao banco de 6% a 8% do faturamento todos os meses, por exemplo. Dessa maneira, poucas empresas operam com uma lucratividade que suporte essas taxas.

Via de regra, as melhores condições são praticadas em modalidades como antecipação de recebíveis e empréstimos com garantia firmes, em que são oferecidas taxas acima de 1% ao mês.

Com a pandemia do Covid-19, o governo brasileiro abriu algumas fontes de recursos para empresas, tais como:

  • Diferimento do simples e do FGTS: vencimentos das guias de pagamento adiados em 90 dias.
  • Empréstimo para pagamento da folha: BNDES e bancos disponibilizaram linha para pagamento de folha com juros de 3,75% ao ano, com restrição pelo faturamento da empresa.
  • Linha de crédito especial (PRONAMPE): linha de crédito com taxa Selic + 1,25% ao ano e o valor a ser emprestado pode ser de 30% do faturamento anual da empresa em 2019. Neste caso, as empresas devem se comprometer a não demitir os funcionários.
  • Houve também a edição de medidas provisórias relativas à flexibilização de algumas regras trabalhistas, que alivia um pouco o caixa das empresas.
  • Possibilidade de as empresas suspenderem os contratos de trabalho por até 2 meses.
  • Adiamento do pagamento do abono de férias, que devem ser quitados até dezembro, com prévia comunicação aos empregados, com, no mínimo, 48 horas de antecedência.

3. Reduza os seus custos e despesas

No que concerne à redução de custos e despesas, várias possibilidades podem ser levantadas, tais como:

– Pode-se acordar algumas flexibilizações das normas trabalhistas, com relação à mão de obra. Já na gestão dos custos de pessoal, é importante não deixar a equipe parada ou subutilizada. Quando não for possível a suspensão do contrato de trabalho ou antecipação de férias, infelizmente, as demissões devem ser consideradas.

Na atual conjuntura brasileira, muitas empresas optam por não demitir por falta de recursos para quitar as indenizações, pois desconhecem que é possível negociar o pagamento parcelado dessas indenizações na justiça do trabalho e, assim, acabam acumulando mais dívidas.

– Buscar por renegociação dos contratos. A flexibilização de contratos de aluguéis, por exemplo, tem sido bastante procurada. A inadimplência nesses contratos não é uma boa saída, já que as multas por atraso são exorbitantes. Caso não haja negociação, outra alternativa acaba sendo a entrada na Justiça para rediscussão do contrato, previsto em caso de calamidade pública.

– Negociação de honorários para prestadores de serviço em geral, visto que em período de isolamento, várias dessas empresas perdem serviço

– Replanejar o setor de estoque e de compras para empresas que estão em funcionamento. Além disso, é importante fazer renegociação de melhores prazos com os fornecedores e dar preferência, quando possível, para produtos com ciclo de estoque menores, a fim de assegurar que o capital imobilizado em estoques seja mínimo.

4. Fique atento ao endividamento

Em momentos de crise, é comum que as empresas saiam mais endividadas. Contudo, é preciso ter total controle de suas dívidas e correto registro de provisões. Para empresas que possuem déficit, é preferível trocar dívidas maiores por outras menores.

5. Faça a análise de riscos

É natural que as empresas busquem correr menos riscos, ainda mais em um cenário nada animador como o atual. É importante, neste momento, rever as políticas de gestão da inadimplência de seus clientes, por exemplo, adotando um canal de comunicação efetivo para negociar o pagamento.

Em síntese, identifique riscos e se prepare com antecedência. A partir de informações do fluxo de caixa, você pode antecipar estratégias, planejar a realização de pagamentos e investimentos, otimizar e organizar seus recursos, identificar riscos que poderão comprometer a saúde do seu negócio e evitá-los.

Esperamos que o nosso artigo tenha sido útil para você.

Se precisar de auxílio para otimizar e organizar seus recursos, fale conosco que estaremos à sua disposição!